domingo, 27 de janeiro de 2008

O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado

Saudades do antigo rock’n’roll, das bandas eletrizantes dos anos 1970 e dos anos 1980. Saudade dos gritos harmoniosos do Axl Rose, do emaranhado de cabelos escondidos sob a cartola do inconfundível Slash. Ah! Saudades do rock da minha infância querida que não volta mais! ... Ops! Volta sim!
Nos últimos anos, é surpreendente o ressurgimento das bandas de rock que fizeram sucesso no passado. The Police, The Who, Led Zeppelin, Guns’n’Roses (com outros integrantes sob o comando do renovado Axl)... Bandas que marcaram época retornam aos palcos com os cabelos brancos para suprir o medo da mídia de inovar.
A indústria da música atravanca o caminho dos músicos inovadores, procurando fórmulas prontas para o sucesso, e fazem ressurgir esses mitos envelhecidos, tocando as mesmas músicas de outrora, já que nem aos veteranos da música é cedido o privilégio da mudança.
Não que não existam bandas novas com potencial musical para suprir o vazio deixado pelas bandas do passado. Existem, sobrevivendo por si próprias, lutando para alcançar seu espaço sem ser apenas mais uma cópia. O caso mais conhecido aqui no país é o do Los Hermanos, que estourou com uma música que de tanto tocar se tornou clichê e sumiu por não aceitar vender sucessos pré-moldados.
É muito bom ver ídolos nos palcos novamente, escutar os sucessos e a voz do Robert Plant, vocalista do Led Zepplin. O show do The Police, em São Paulo este ano, provou que o bom e velho rock não perdeu seus seguidores e agrega cada vez mais discípulos dessa “religião”. Porém, mostrou também o esgotamento da fonte.
A fonte da música que vende qualidade, a fonte das idéias nas mãos do baixista, nas mãos do guitarrista e na voz do vocalista. Sem que essa fonte seja limpa e religada, o rock vai sobrevivendo de sons remodelados, de melodias passadas.
Outra questão que esse ressurgimento traz à tona é a estagnação das “revoluções do rock”. Desde o seu surgimento nos anos 1950, com Chuck Berry e Elvis Presley, ocorreram muitas destas revoluções. Os Beatles trouxeram nos anos 60 a loucura e o colorido da psicodelia para dentro do álbum Sgt Pepper’s, seguidos por artistas como Jimi Hendrix. Era a época da loucura, de onde pode ter surgido a frase: “Sexo, drogas e rock’n roll”.
Passada a loucura do psicodelismo, surgem bandas como o Led Zeppelin, dando boas-vindas ao heavy metal, bem mais pesado e agressivo. Ainda nos anos 70, surgiu o punk rock, com os Ramones, ou seja, foi uma década de mudanças.
Mas como todo rebelde, o rock’n’roll não poderia cair na mesmice, eis que nos anos 1980 surge o estranho “metal farofa”, representado por bandas como Bom Jovi e Def Leppard e literalmente “maquiando” o peso do rock. Por outro lado, grupos como o Metallica trouxeram um peso até então inimaginável para o heavy metal. E concomitantemente surge Axl, com suas bermudinhas e gritos afinados, resgatando o hard rock setentista à frente do Guns’n Roses.
Nos anos 1990 começa um movimento musical definido com o nome de grunge. Bandas como Nirvana e Pearl Jam faziam uma mistura de vários estilos de rock básico e pesado, notadamente o punk.
Muitos movimentos que não citei ocorreram entre esses fatos que demarquei nessa espécie de linha do tempo, mas ela termina pelo menos para mim com uma interrogação. E agora, nos anos 2000, o que está acontecendo? Como a mídia sossega o vulcão do rock, cozinhando em banho-maria bandas novas, enquanto o rock sobrevive dos sucessos do passado.
Nesse ano ressurgiram várias bandas e vários sucessos dessas atuais épocas anteriores. Como diriam os Titãs, “o melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado”.
Duane dos Reis Löblein

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